
Comédia existencial escrita em 1888, retrata as relações e evoluções do ambiente de duas famílias rurais russas do final do século XIX. São os Lómov e os Tchubúkov, vizinhos e grandes amigos.
De facto, um Pedido de Casamento poderia muito bem intitular-se Tragicomédia de uma vida conjugal anunciada, pois, com apenas três personagens, Tchekhov consegue concentrar, com a genialidade da sua dramaturgia, as pequenas misérias, a cobiça, as vaidades e as dissimulações da “pacata” vida conjugal burguesa. E se é certo que o riso desponta com a espontaneidade própria do que é natural, não é menos verdade que esse mesmo riso traz em si uma carga de indelével amargura…
Sinopse
A confusão começa, quando um hipocondríaco Latifundiário falido, se dirige a casa de um “respeitável” proprietário de terras “para pedir a filha Natália em casamento. Certo é que o pretendente está longe de imaginar que irá enredar-se numa série hilariante de situações que o obrigarão a muito mais do que obedecer simplesmente ao ritual de um pedido de casamento... Natália, não sabendo do real motivo de Ivan, trava uma ríspida discussão com o rapaz sobre alguns lotes de terra. Os dois juram ser os donos do espaço... Depois de muitas peripécias e discussões, o pai acaba por dar o consentimento farto das situações mirabolantes.
Sobre o Autor
Um dos mais famosos novelistas e dramaturgos russos, Anton Tchekhov, nasceu em Taganrog em 1860, e faleceu em 1906.Médico de profissão, Tchekhov começou sua carreira como escritor em 1880, com a publicação de alguns ensaios literários. A partir daí não demorou muito para que o então desconhecido escritor, alcançasse uma extraordinária popularidade, não só pelas suas novelas mas também pelas suas peças, das quais as mais conhecidas são: “As Três Irmãs”, “A Gaivota”, “O Tio Vânia” a “ Boda” e o “O Jardim das Cerejeiras”.
Especializado na sátira da sociedade com obras teatrais bem humoradas escreveu: “O Pedido de Casamento”, “O Urso”, “Trágico à Força” entre outras.Tchekhov foi o criador de uma escola literária que encontraria mais tarde, mesmo nos países ocidentais, enorme repercussão.
Os seus contos, e os seus textos dramáticos, são, em geral, obras-primas que harmonizam perfeitamente a forma e a precisão vocabulares de uma sedutora e correcta fluência verbal, sem deixar de conter também um conteúdo lírico dos mais densos.
Pensar e reflectir o Mundo no... e fora do Teatro
Muitas vezes, como seres pensantes somos levados a questionar a ética, a moral e as diversas problemáticas que nos rodeiam com a finalidade de tentar descodificar a partir do pensamento as diversas linguagens, intercedendo e provocando nos diversos públicos. Assim sendo, estamos sempre impelidos a rever uma construção discursiva do pensamento e por outro lado, estamos obrigados a desvendar o pensamento enquanto busca fundamentada, tentando atravessar os grandes blocos sistémicos, que nos levam à construção de um inusitado território não sistémico: este o de uma poética do pensamento; implicando escrita e corpo através de uma dupla movimentação: o do fazer poético e o das categorias do pensamento. Por exemplo na “obra” e trajectória de Artaud ele vai colocar em relevo a “cavidade” construtora e organizadora do "Homem moderno". Será justamente nesse sentido que não se poderá escapar ao ataque dos problemas postos pela interrogação da nossa existência: quem somos e o que fazemos. Neste sentido, propomos que se pense em certas linhas, em que o Homem moderno, face às problemáticas colocadas ou impostas no mundo e para o mundo, se questione e desenvolva um pensamento crítico.
Silva Baptista
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