sábado, 5 de setembro de 2009

Estreia da Peça Teatral "A Orquestra" de Jean Anouilh


SINOPSE DO ESPECTÁCULO

Numa pequena localidade algures no mundo, vive-se de saúde, isto é, “Mente sã em corpo são”, graças às virtudes das águas termais locais, com grande poder curativo. Uma “atmosfera” de paz e de saudável convalescença, a que não falta o empenho de uma “graciosa” orquestra, quase só de mulheres, em que, apenas o pianista é masculino. Mas cada “mundo individual” é um “gélido inferno”; uma repetição à “escala individual” das invariáveis da vida. Nada é perfeito. Sob a calma ou, por vezes, com a “vibração” vibrante, da prestação orquestral, as “melodias” e “harmonias” vivenciais são, por vezes, dilaceradas pelo ciúme, paixão, despeito, intriga, poder, desespero, ironia, individualismo, egoísmo e resignação que habitam naqueles “espíritos musicais e pessoais”, em que os sentimentos, emoções e sensações não se conseguem “abafar” com o “ruído” musical.

FICHA TÉCNICA/ARTÍSTICA

Autor: Jean Anouilh
Direcção | Encenação: Silva Baptista
Assistente de Encenação | Produção: Carlos Bernardo
Pesquisa: Ofélia Carvalho
Técnico de Luz e Som: Emanuel Osório
Design gráfico | Cenografia: Catarina Abreu

Interpretação:
Patrícia | Joana Garcia
Pamela | Fátima Veiga
Mme Hortense | Dina Sario
Susana | Mariana Simões
Ermelinda | Daniela Saraiva
Leona | Daniela Montez
Leon | Luís Camelo
Lebonze | Carlos Bernardo

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Público-alvo: Maiores de 12 anos

Contacto: Escola Velha Teatro de Gouveia - Carlos Bernardo 966 265 464
E.mail teatro.escolavelha@clix.pt


Sobre o Dramaturgo Jean Anouilh

Nasce em Bordéus em 1910, numa família modesta, em que o pai era alfaiate e a mãe professora de piano e pianista numa orquestra de casino de província. Jean Anouilh, realizou os seus estudos em Paris, onde teve como condiscípulo Jean Louis Barrault, no Curso de Direito, que não termina. Depois de ter começado a estudar Direito, tornou-se secretário de Louis Jouvet, então director da “Comédia Dos Campos Elísios”. Em 1928, conhece Jean Giraudoux, facto determinante para perceber a sua vocação como autor dramático. Anouilh escreveu e encenou várias peças. Em 1971, “Beckett” entra no reportório da Comédia Francesa e em 1973 e 1974, faz representar com grande sucesso uma pequena peça de 1962, “L’Orchestre”.
Trabalha no campo da publicidade até que, em 1932 e inicia a sua carreira teatral com O Arminho. Desta época inicial são uma série de obras que obtêm bom acolhimento por parte do público: O Viajante sem Bagagem, A Selvagem, O Baile dos Ladrões, Eurídice e Antígona, estas duas últimas recriações modernas de temas clássicos. Na sua obra é patente a herança de certos elementos da tradição romântica, presentes tanto nas comédias como nos melodramas. Manifesta um notável pessimismo sobre a condição humana, mas fá-lo com um critério de medida e de grande exactidão formal; neste sentido, é um brilhante artífice teatral e um dramaturgo tipicamente burguês que goza de grande aceitação. Ele mesmo agrupa as suas obras em virtude do seu carácter: obras negras, obras rosas e obras brilhantes. Mas o certo é que em todas elas, Anouilh mostra uma versatilidade formal surpreendente, graças à qual, expressa com coerência uma visão fundamentalmente trágica da vida. Este dramaturgo de grande sucesso, ocupa uma posição privilegiada na “Cena” francesa. Dotado de um notável talento desenvolveu a arte de exprimir em situações próximas do “Boulevard” os velhos mitos, as tragédias históricas e os dramas psicológicos. Morre em 1987.


Des (concerto) na condição humana!
“Anouilh, manifesta um notável pessimismo sobre a condição humana…”

Perante a frase, acima descrita, não quero deixar de fazer a minha reflexão: é evidente, que vivemos actualmente, algum pessimismo sobre a condição humana podendo provir de carências económicas, a par de problemas sociais, que contribuem para o surgir de tensões evidenciadas sob formas "flagrantes" e "subtis" de des (concertos) na intra e inter relação humana.
Estes des (concertos), "desarmonizados", em vidas de "estilhaços tão sensíveis" como “notas musicais desafinadas” provocam, na condição de relação de cada SER, uma deambulação em que, para “matar o tempo,” são evidenciadas "loucuras" e "fantasmas", onde se criam "relações intra e interpessoais desmesuradas e descontroladas".
Pensar viver, harmoniosamente, é recriar: a vida inter-relacional não é apenas para ser suportada, mas elaborada, recriada, reprogramada. Conscientemente executada. Não é necessária a espectacularidade, o brilhantismo, a importância e a admiração. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas, mas sem demasiada sensatez. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo à possível dignidade.
Sonhar? Sim. Porque se, se apaga a última “claridade” nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, de um “espírito de manada” que trabalha obstinadamente para nos “encurralar”, seja lá como e no que for? Sim. O mínimo que façamos, em cada momento, humildemente, nas relações inter pessoais, será afinal, o melhor que conseguimos fazer para que a condição humana não se desarmonize.

Silva Baptista

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