segunda-feira, 31 de março de 2008

Oficina de Contos

“O Tesouro”

Há muito, muito tempo, um rei de um reino muito longínquo, recebeu o convite do irmão, para participar na sua festa de aniversário. Quando chegou ao Palácio do irmão, um dos guerreiros alertou - o para não entrar em virtude de lhe estarem a armar uma cilada, no sentido de o obrigarem a assinar um documento, com o propósito de doar as terras todas pertencentes ao reino, em virtude de estas conterem muita prata. Como ele não entrou, o seu irmão desconfiou que alguém o alertou e, como vingança, procedeu ao rapto da princesa, sua sobrinha.
O rei entristecido, mas corajoso, preparou o salvamento com os seus guerreiros e foi ao encontro de sua filha. A princesa encontrava-se debaixo de uma montanha num espaço húmido e escuro há já alguns dias e, chorava muito. Como um dos guerreiros era o mais valentão, o rei nomeou-o para comandar a operação. Quando chegaram à floresta onde se encontrava a gruta guardada por homem gigante e muito poderoso, o guerreiro - chefe avistou num dos bolsos do gigante, as chaves da porta de entrada da gruta . Subiu cuidadosamente para cima da gruta , sem que o gigante desse por isso, tentando tirar-lhe a chave com muito jeitinho mas...azar! O gigante deu conta e quando se virou para atacar o bravo guerreiro, o rei apunhalou-o pelas costas, matando – o . O guerreiro chefe antes de passar as chaves ao rei, pediu consentimento para casar com a princesa. O Rei depois de pensar, porque ia perder algo de precioso, consentiu que o guerreiro casasse com ela, mas com a condição de irem viver para o seu palácio. O rei libertou o seu tesouro para nunca mais o perder...

“O Rato bisbilhoteiro”

No tempo em que os animais falavam, havia uma floresta muito, muito densa onde não se conseguiam ver os trilhos traçados pelos animais. Viviam lá quatro animais muito especiais que não faziam mal a ninguém e um quinto que era um pouco maroto. O lobo “ lobi, lobi ” habitava dentro de uma gruta e trazia ao pescoço uma argola com um código gravado referente a um segredo. A cobra “ serpentina” vivia num campo muito verdejante, tendo em sua posse uma varinha mágica para amaldiçoar os que se atrevessem a fazer-lhe alguma patifaria. O dragão “ fumaça” vivia num castelo onde escondia uma caixa que continha segredos de um antigo dono seu. O coelho “veloz ” vivia num terraço de uma torre muito alta com vista para o luar que lhe guardava todos os seus segredos. Quando o relógio da torre dava as doze badaladas fazia, como que por magia, com que todos os animais adormecessem ao mesmo tempo. Mas, na calada da noite, havia sempre alguém muito pequenino que ficava de olho arregalado, porque as badaladas mágicas não o conseguiam adormecer. Já adivinharam quem é? Claro, que é o nosso ratinho bisbilhoteiro. Então uma bela noite decidiu ir ao castelo onde se encontrava o dragão e descobrir os segredos que ele guardava mas, de repente, a tampa da caixa fechou-se e bateu-lhe na cabeça. O ratinho fugiu a sete pés. Como ele não conseguia dominar o seu instinto de bisbilhotice, mais tarde pensou retirar a argola ao lobo para decifrar o seu segredo, só que esta apertou-lhe o focinho de tal maneira que ele ficou com tantas, mas tantas dores que não comeu durante uma semana o seu delicioso queijinho. Passado uma semana e, como já tinha esquecido os sustos que apanhara, resolveu roubar a varinha mágica à “serpentina”, para pregar partidas aos colegas. Não obteve êxito porque não conseguiu decifrar as palavras mágicas. A última tentativa sem êxito, foi aspirar a lua para sugar os segredos do coelho, só que ela, aborrecida com a situação, transformou-se em lua nova, para que o ratinho ficasse às escuras, tão às escuras, que não conseguisse ver nada na escuridão cerrada, como se estivesse cego. Então, como os olhos são um bem essencial, prometeu a si próprio que nunca mais bisbilhotaria.
Está a minha história acabada e a minha boca cheia de marmelada!


“O último lobisomem”

Há muito, muito tempo, um rei, aprisionou a sua filha na masmorra do seu castelo por não querer que ela se encontrasse com um dos seus guerreiros. O amado da princesa possuía uma terrível maldição que ela não podia saber. Uma noite de lua cheia, ela conseguiu fugir da masmorra por um orifício que já cavava há muito, muito tempo, para ir ter com ele. Pediu-lhe que fugissem a cavalo e fossem viver longe dali . Ele, como também gostava muito dela, fez-lhe a vontade. No caminho, quando deram doze badaladas no relógio da torre, a princesa começou a notar uma pequena transformação no corpo dele : pêlos que cresciam nos braços, unhas que tomavam proporções medonhas. Apoderou-se dela um medo, mas acalmou porque pensou que o seu amado não lhe faria mal. Pois enganou-se. Quando chegaram ao destino, ele, em vez de a descer meigamente do cavalo, atirou-a dele abaixo. Quando percebeu que estava em perigo, lançou-lhe um espelho que lhe partiu os dentes famintos. Aproveita para fugir, mas nesse instante entra o pai para a salvar que embate nela. Desmaiam os dois. Quando o “lobisomem” se prepara para atacar, uma pedra enorme desloca-se na gruta e atira-o com as paredes húmidas, deixando-o sem sentidos. De manhã acordam refeitos os três e regressam ao castelo. O rei pensou em resolver o problema do guerreiro e, para isso, pegou numa serpente compridíssima, levando-a para uma das montanha mais altas do reino. Ela esticou-se de tal maneira que ao chegar à lua, deu-lhe uma dentada. A lua acabou por ficar em quarto crescente ou minguante, não se sabe bem. O que é certo é que naquele reino, a lua nunca mais apareceu cheia. Quanto ao guerreiro nunca mais se transformou em lobisomem, acabando por casar com a princesa.


“A fada que não sabia ler!”

Há muito tempo, muito tempo, vivia solitária numa floresta, uma fada muito boa, que teve um sonho muito curioso! As fadas também sonham sabiam? Sonhou então, que num passeio feito à floresta ouviu um ruído de gemidos muito estranho . Foi ver o que se passava e, para seu espanto, um anão contorcia-se com muitas dores de barriga. Num gesto mágico e com a ajuda da sua varinha de condão, retirou a dor ao anão. Em contrapartida o anão para lhe agradecer, deu-lhe uma tangerina com um único prazer: fazê-la desmaiar. Acham que as fadas gostam de tangerinas? A equipa de anões levou-a então para um subterrâneo, retiraram-lhe as asas, a varinha e colocaram-lhe corrente com bolas de ferro, obrigando-a a escavar a terra para encontrar ouro – era sabido que os anões eram muito vaidosos e queriam construir estátuas suas com ouro. Vejam só! Um dia, um velho sábio passou perto daquele subterrâneo e cansado de andar à chuva e ao vento, decidiu abrigar-se. Quando se preparava para descansar, um dos anões, descobriu-o e encaminhou-o para o pé da fada, à chicotada. Com a ajuda da fada lá foi descobrindo e desenterrando pepitas de ouro para aqueles vaidosos. Fartos de tanto sofrimento, o sábio combinou uma fuga com a fada a partir de um livro muito especial que ele tinha em seu poder e, que se transformava em tapete voador. Tinham que dizer em conjunto, sem se enganarem algumas palavras mágicas. Os anões sempre alerta, ouviram o combinado e, com a varinha mágica, transformaram-nos em pedra. Nesse momento, a fada acordou muito aflita e, aos murros na cama, tentava livrar - se ficar como estátua de pedra. Mais tarde, estava a tratar da floresta e apareceu o sábio do sonho. Ela sabia muitas coisas mas tinha um desgosto: não sabia ler. Então pediu ao sábio que a ensinasse a ler, numa viagem por dentro daquele livro, como se voassem num tapete voador!

Está a minha história acabada e a minha boca cheia de marmelada!

Oficina de Escrita Criativa:
José António da Silva Baptista
Animador Sócio - Cultural do Município de Seia

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